20 de abril de 2013

Muito Prazer: entrevista com jogador Billy, do vôlei de praia

Billy concorda com seleção, mas aponta falhas na ideia.
Olá, leitores do Apenas Um Ponto Esportivo. Publico aqui na coluna Muito Prazer hoje uma entrevista cheia de declarações fortes, coerentes e verdadeiras.

Com o novo critério adotado no vôlei de praia, em que cada país passa a contar não mais com duplas isoladas, mas com seleções, muitos atletas não convocados ficarão sem a chance de disputar as tradicionais competições internacionais, como Circuito Mundial e Copa do Mundo de Vôlei de Praia.

Um dos poucos que aceitam comentar sobre o assunto publicamente, o capixaba Billy, parceiro do atual campeão brasileiro Bruno Schmitd por duas vezes, mostra-se preocupado com o futuro da modalidade. Corajoso, o atleta aceitou dar uma entrevista ao blog Primeiro Set e suas respostas dão uma dimensão de como anda o clima entre entidades e atletas. Confira:

A partir deste ano, a participação em competições mundiais vai depender das convocações para as seleções. E você não está na lista dos atletas chamados. Diante disso, quais seus planos? Com o encerramento do CBBVP e com o retorno marcado só para agosto, o que você planeja disputar nesse período?
Bem, final de agosto, né? Quase setembro e isso são praticamente 5 meses sem competir. Complicado...Eu joguei ano passado nos EUA e foi muito bom. Talvez retorne para lá esse ano.

Ainda sobre o novo critério: alguns atletas defendem a manutenção da seleção de vôlei de praia, mas defendem também que nenhuma dupla seja impedida de disputar o Circuito Mundial, desde que essas parcerias arquem com as despesas por conta própria. Você concorda com esse pensamento?
Acho muito legal esse lance de seleção brasileira. Mas estão fazendo de maneira errada. Acho que cada time tem que treinar com sua comissão técnica e ser coordenado por apenas um técnico durante o mundial. Imagina dois atletas, um time, com seu técnico, preparador físico, etc.. Já trabalham juntos há muito tempo e o conhecimento da forma de trabalho é grande. De repente, você pega um cara que nunca te treinou, técnica ou fisicamente, e que pode comprometer o rendimento seu ou do time. Quem perde é o Brasil! Eles acham que é indoor, mas não é. E nunca vai ser. E impedir que alguém jogue o Circuito Mundial ou outra competição não entra na minha cabeça. O Márcio acabou em quarto lugar ano passado no ranking do mundial. E agora não vai? Ele tinha que ir. Se algum atleta, por mérito, conseguisse melhores resultados e melhor pontuação que ele, então ele sairia. E pelo que sei, muita gente já foi pro mundial custeando suas próprias despesas. Então nesse ponto não iria mudar muita coisa.

Você é um dos poucos atletas que vem demonstrando publicamente sua insatisfação contra os novos sistemas adotados por CBV e FIVB. Você não teme o risco de represálias?
Não e nunca vou ter medo. O que eles vão fazer? Isso é baixo. Pelo que sei, vivemos num país em que a liberdade de expressão é permitida e aceita, certo? Dei a minha opinião e vou continuar dando. Não concordo com o que estão fazendo. Eles precisam entender que não é fazendo mal ou prejudicando um atleta aqui ou ali é que vai resolver alguma coisa. Eles já estão fazendo um grande mal para o esporte! Você diria para um adolescente hoje que o vôlei de praia é uma carreira promissora ? Então! Espero sinceramente que alguma coisa mude, e rápido, pelo bem do esporte.

Muitos jovens, como Evandro, Daniel Lazzari e Brian, foram convocados com a ideia de amadurecê-los para as próximas Olimpíadas. Por outro lado, veteranos, como Márcio, Harley, Fábio Luiz e Benjamin, estão fora dos planos da CBV. Você concorda com o raciocínio? 
Acho que esses jovens poderão ser grandes atletas. Todos têm potencial. Mas ninguém evolui se não passar por dificuldades. Quer ajudar? Dê passagens, hospedagens, etc.. Mas tem que ralar, vir de baixo. Veja o Alison: é o nosso cara hoje na seleção. Nossa grande chance de medalha pra 2016. Ralou muito e isso fez ele evoluir. Evoluiu por mérito dele. Pergunte a esses aí que você citou como foi o começo deles. Qualifying, ralação um, dois, três anos. O Harley foi melhor jogador do mundo duas vezes e está fora. O Benjamin é o atleta mais inteligente do Brasil para jogar vôlei de praia atualmente e não está. O Fábio Luiz merecia uma chance. Não desmerecendo os demais, mas ninguém leva pra guerra quem ainda não sabe atirar direito.

Para quem quiser acompanhar a entrevista na íntegra, assim como se informar sobre todas essas mudanças no vôlei de praia, faço o convite para vocês darem uma passada no Primeiro Set.

Abraços e até o próximo Muito Prazer!


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